domingo, 12 de dezembro de 2010

A lição do rio

E o RIO corre sozinho.

Vai seguindo seu caminho.

Não necessita ser empurrado. Pára um pouquinho no remanso.

Apressa-se nas cachoeiras.

Desliza de mansinho nas baixadas.

Precipita-se nas cascatas. Mas, no meio de tudo isso vai seguindo seu caminho.

Sabe que há um ponto de chegada.

Sabe que seu destino é para a frente.

O rio não sabe recuar.

Seu caminho é seguir em frente.

É vitorioso, abraçando outros rios,

vai chegando no mar.

O mar é sua realização. É chegar ao ponto final.

É ter feito a caminhada.

É ter realizado totalmente seu destino.

A vida da gente deve ser levada do jeito do rio.

Deixar que corra como deve correr.

Sem apressar e sem represar. Sem ter medo da calmaria e sem evitar as cachoeiras.

Correr do jeito do rio, na liberdade do leito da vida, sabendo que há um ponto de chegada.

A vida é como o rio.

Por que apressar?

Por que correr se não há necessidade? Por que empurrar a vida?

Por que chegar antes de se partir? Toda natureza não tem pressa.

Vai seguindo seu caminho. Assim é a árvore, assim são os animais.

Tudo o que é apressado perde o gosto e o sentido.

A fruta forçada a amadurecer antes do tempo perde o gosto.

Tudo tem seu ritmo.

Tudo tem seu tempo.

E então, por que apressar a vida da gente?

Desejo ser um rio.

Livre dos empurrões dos outros e dos meus próprios. Livre das poluições alheias e das minhas.

Rio original, limpo e livre.

Rio que escolheu seu próprio caminho.

Rio que sabe que tem um ponto de chegada. Sabe que o tempo não interessa.

Não interessa ter nascido a mil ou a um quilômetro do mar.

Importante é chegar ao mar.

Importante é dizer "cheguei".

E porque cheguei, estou realizado.

A gente deveria dizer: não apresse o rio, ele anda sozinho.

Assim deve-se dizer a si mesmo e aos outros: não apresse a vida, ela anda sozinha.

Deixe-a seguir seu caminho normal.

Interessa saber que há um ponto de chegada e saber que se vai chegar lá.

É bom viver do jeito do rio!

"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores,

valeu a sombra das folhas;

se não houver folhas, valeu a intenção da semente. ( Henfil )



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