domingo, 12 de dezembro de 2010

Discipulado de Maria

“O grande modelo do seguimento é Maria. Nela descobrimos todas as características do discipulado: a escuta amorosa e atenta (cf. Lc 1,26-38), a obediência à vontade do Pai (cf Lc 1,38), a fidelidade a ponto de acompanhar seu filho até a sua cruz (cf. Jo 19,25-27) e continuar sua missão evangelizadora (cf. At 2)” (Estudos da CNBB n 93, p 27).

A escuta amorosa: como se trata de palavras de amor e que nos interessam sumamente não deveria haver outra forma de escuta. Mas, digamos a verdade. Muitas vezes nem escutamos. Muitas vezes fazemos a Palavra dizer o que nós gostaríamos que ela dissesse. São tantas as vezes que a palavra se tornou apenas uma ordem moral. E aí, há muito já se foi a paixão, o amor escandaloso de Deus para com sua criatura, tantas vezes fétida, miserável, cheia de pus do egoísmo e da vaidade. A escuta amorosa supõe a experiência do amor daquele que pronuncia as palavras. E Maria escutou: “tu és cheia de graça” (kecharitumene é uma expressão grega de enamorado declarando sua paixão): é a declaração da paixão de Deus por Maria. Você já deixou que Deus entrasse dentro de sua miséria e lhe dissesse que o ama loucamente? Porque você não quer ouvir isso? Fica com medo de ficar devendo alguma coisa que não consegue pagar? Ou sabe que vai ser uma aventura cujo desfecho lhe escapa das mãos? Você se deixa amar por Deus? Ou pensa que Deus não tem tempo a perder com você? Desde o momento em que você deixa que Deus ame loucamente a você, terá também gosto de ouvir sua palavra Como vai ser tua escuta amorosa ? Resolva algumas coisas bem práticas...

A escuta atenta: às vezes a gente faz de conta que escuta, mas, na verdade, não está nem aí! A gente valoriza o próprio pensamento (muito importante aos olhos míopes da gente e até mais importante que uma eventual palavra de outros, mesmo que seja de Deus). Muitas vezes deveríamos fazer a humilde pergunta: O que mesmo Ele quis dizer? A escuta atenta implica sobretudo a prática. Quem faz a vontade do Pai não é aquele que diz sim, mas mesmo tendo dito não faz o que o Pai pediu. (cf Mt 21,28-32). E aí nem sempre nos encontramos.Ter ouvidos de discípulo é o pedido que Isaías faz: Isaías 50,4s. Saber escutar é se perguntar o que a pessoa quis dizer. Não são as aparências externas da palavra mas o seu “espírito”que deve ser considerado.

A obediência à vontade do Pai: Ob e audire são os vocábulos latinos que compõem a palavra obediência. Está presente aí o verbo ‘ouvir’ e a preposição ‘por causa de’; Percebe-se que a semântica do vocábulo obediência fica interessante. Ouvir, ou escutar por causa de. Dar razões à escuta, à audição. Deus merece crédito para que eu obedeça? A vontade do Pai é sempre a salvação e nunca a perdição de ninguém. O prazer de Deus é salvar. Saberá isto mais claramente quem decide pôr em prática a vontade do Pai.

A fidelidade: permanecer no caminho da obediência nem sempre é fácil. A escalada (usando a imagem da montanha com suas dificuldades de acesso) não é simples, não é fácil. Muitas vezes a gente quer se estabelecer na metade da montanha e já fica satisfeito, mas não sabe que a beleza verdadeira da vida é no alto da montanha. Acomodar-se ao já conquistado é uma tentação que assalta a todos não é por nada que Marcos nos diz: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” Mc 13,13b.

Continuar sua missão evangelizadora: Maria não encerrou sua tarefa na cruz. Ela acolheu a vida, a obra, as palavras de Jesus. A cruz poderia ser considerada com facilidade como o fim da pessoa crucificada. Nada mais conta, nem a vida nem as palavras nem a própria pessoa do crucificado. Maria apostou no caminho de Jesus crucificado como caminho de vida nova. Ajudou a Igreja iniciante a seguir Jesus de Nazaré, seu filho. Encontraram na cruz linguagem de salvação. Maria é a mãe da Igreja porque a ajuda a nascer e crescer.

Quais destes quatro aspectos são mais difíceis para mim? O que deveria fazer para que eles se tornassem uma realidade viva em minha vida ministerial? O que vou fazer para que estes aspectos que faltam em mim realmente sejam cultivados?

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