A Fraternidade Sacerdotal São Pio X
(lefebvristas) –agrupamento dos seguidores do Arcebispo Marcel
Lefebvre, que faleceu excomungado em 1988 por ordenar quatro bispos sem
a permissão do Papa– retirou da internet um artigo no qual critica o
Papa e o Vaticano. Há alguns meses, a Santa Sé promove o estudo de um
Preâmbulo Doutrinal para que a mencionada organização regresse à
comunhão com a Igreja Católica.
O artigo critica, entre outras coisas,
a “hermenêutica da continuidade”, um critério estabelecido pelo Papa
Bento XVI para uma melhor compreensão dos ensinamentos do Concílio
Vaticano II. Escrito pelo superior da Fraternidade para o distrito de
Grã-Bretanha, Paul Morgan, o texto menciona a reunião em Albano,
Itália, entre os dias 7 e 8 de outubro, na qual estiveram presentes os
líderes da FSSPX. O líder lefebvrista considera “claramente
inaceitável” a proposta feita pela Santa Sé para o ingresso à comunhão
católica.
O texto afirma que “a respeito das
discussões doutrinais, foi decepcionante constatar que a comissão
romana fracassou em reconhecer a ruptura entre o ensinamento
tradicional e o conciliar (do Concílio Vaticano II). Pelo contrário
–segue criticando Morgan–, insistiram na “interpretação hermenêutica da
continuidade”, estabelecendo que os novos ensinamentos incluíam e
melhoravam os antigos!”
“Não nos surpreende –prossegue– que a
proposta doutrinal para qualquer acordo canônico de fato contenha todos
aqueles elementos que a Sociedade (lefebvrista) rechaçou
consistentemente, incluindo a aceitação do Novo Missal e do Vaticano
II”. Por isso, conclui Morgan, “o consenso dos que estávamos
participando (em Albano) foi considerar que o Preâmbulo Doutrinal era
claramente inaceitável e que ainda não chegou a hora de lograr qualquer
acordo, enquanto sigam pendentes os assuntos doutrinais”.
A respeito disso, os lefebvristas
lançaram hoje um comunicado no qual se indica que, depois da reunião de
Albano, “somente a Casa Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X está
habilitada para prestar um comunicado oficial ou um comentário
autorizado sobre este tema”.
O conteúdo da carta de Morgan pode ser
lido (em inglês) no seguinte enlace:
http://www.aciprensa.com/controversias/lefrebvistas.pdf
Antecedentes
No dia 14 de setembro, o Vaticano
lançou um comunicado no qual explicou que o Preâmbulo entregado aos
lefebvristas “estabelece alguns princípios doutrinais e critérios de
interpretação da doutrina católica, necessários para garantir a
fidelidade ao Magistério da Igreja e o “sentire cum Ecclesia” (sentir
com a Igreja)”. O documento também deixa aberta “a uma discussão
legítima, o estudo e a explicação das expressões ou fórmulas
particulares presentes nos documentos do Concílio Vaticano II e do
Magistério sucessivo”.
O texto da Sala de Imprensa lembra
também que o Santo Padre decidiu, em 2009, levantar a excomunhão que
pesava sobre os quatro bispos ordenados por Lefebvre “em função do
pedido feito pelo Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X a
Sua Santidade Bento XVI, no dia 15 de outubro de 2008”. No entanto, no
dia 4 de fevereiro de 2009, a Secretaria de Estado do Vaticano lançou
um comunicado no qual se aclara que “a extinção da excomunhão libertou
os quatro Bispos de uma pena canônica gravíssima, mas não mudou a
situação jurídica da Fraternidade São Pio X que, no momento atual, não
goza de qualquer reconhecimento canônico na Igreja Católica”. Este
texto também diz que os quatro bispos ordenados por Lefebvre estão
obrigados a um “pleno reconhecimento do Concílio Vaticano II” –embora o
tenham rechaçado até agora, como se deduz pelas declarações expostas
nesta nota e pelas reportagens anteriores de ACI Prensa– e do
Magistério de todos os Papas posteriores a Pio XII.
O Concílio Vaticano II é um dos eventos
mais importantes na história da Igreja. Foi realizado entre os anos
1962 1965, congregando os bispos do mundo inteiro. Produziu um corpo
doutrinal que busca promover a fé católica, renovar a vida dos fiéis,
adaptar a liturgia e alentar a presença dos leigos.
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